A importância da Literatura para a sociedade é tão vital quanto às veias que levam o sangue para o coração humano. Tal comparação, historicamente, justifica-se, pois foi através de manifestações literárias que o homem conseguiu reivindicar mudanças significativas em determinadas fases da sua evolução social. Isso pode ser evidenciado em vários momentos da história do Brasil. No entanto, a modernidade parece querer desconsiderar ou simplesmente apagar o passado de glória pelo qual a Literatura foi protagonista. Essa atitude impensada é o reflexo de uma sociedade megalomaníaca, em rápido processo de expansão econômica, que não tem tempo para captar a essência que um texto poético pode oferecer para melhorar suas vidas.
A carta de Caminha, por exemplo, narrava de forma descritiva o achamento do país, mas muitos historiadores a consideram como uma primeira tentativa literária de expressar um sentimento nativista pela descoberta de uma nova terra. O exagero da poesia Barroca, com seus ataques diretos a hipocrisia da época, contribuiu para o surgimento de uma reflexão mais critica do período, sobretudo sobre os hábitos pomposos da Igreja. Os árcades, com sua retomada aos valores clássicos, foram determinantes para a busca de um país mais justo e autônomo, contribuindo mais a frente para a independência do Brasil. O Romantismo, por sua vez, com suas poesias de cunho nacionalista, fez com que o patriotismo fosse à válvula propursora da libertação do Brasil, enquanto colônia, da dominação portuguesa. Não menos importante, o Modernismo trouxe autenticidade para a literatura nacional, sendo inegável a sua contribuição para a formação da cultura do país.
Mesmo com tal constatação, muitos ainda alimentam a ideia de que a Literatura não tem nenhuma importância para o atual Brasil. Ora, num país onde os índices de leitura são os mais baixos do mundo; onde a educação de base está aquém de muitos outros países em desenvolvimento; onde o discurso politico-midiático é absorvido sem nenhuma avaliação critica pela sociedade; onde a internet influencia direta e indiratamente nas nossas escolhas e posicionamentos, muitas vezes sem percebermos; é meio contraditório alçar a Literatura a um patamar de importância. Ainda nesse sentido, a falta de leitura pode se configurar como a principal causa para a ignorância atribuida a algumas pessoas, visto que sem ler criticamente o que as palavras querem expressar, os individuos acabam propagando conceitos distorcidos do mundo e, muitas vezes, tornam-se fantoches dele.
Uma nação que teve Gregório de Matos com sua crítica ferina aos valores da época; Tomás Antônio Gonzaga e seus companheiros arcades que trouxeram esperança de um Brasil melhor ao usar seus pseudênimos árcades para protestar contra a realidade do momento pelo qual eles estavam inseridos. O que falar, então, de Castro Alves e sua poesia de cunho Abolocionista-Nacionalista, a qual, além de destacar o sofrimento vivido pelos negros, inicia a valorizar a pátria, descrevendo com primazia as belezas desse paraíso chamado Brasil. Ainda no Romantismo, o país conheceu um das maiores personalidades da Literatura nacional, Machado de Assis. Ele que, com sua forma única de escrever, faz um tratado sócio-psicológico da sociedade da época, personificadamente através dos personagens emblemáticos de suas obras. Esses poucos nomes literários, não foram os únicos que contribuíram para a formação cultural literária brasileira, mas servem de exemplo para justificar a importância dela enquanto, a Literatura, como movimento de transormação social.
Assim, para quem ainda acredita que a Literatura tem pouca ou nenhuma importância para a cultura nacional, é bom rever determinadas concepções; mas para isso, é preciso retornar ao passado literário do Brasil para entender qual foi o papel exercido pela Literatura em cada momento da história do país. Certamente esse sucinto balanço histórico-literário, por si só, ratificará a importância da Literatura, não apenas como mero preciosismo linguistico, mas sim como movimento social que contribuiu para a revolução da sociedade brasileira.
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