As Profundas Marcas da Desonestidade na Cultura Nacional: quem são os Bandidos?


Numa sociedade marcada pela insegurança, pelo domínio e expansão do tráfico de drogas e, sobretudo pela histórica cultura de enriquecimento ilícito, bandidos e mocinhos se misturam no meio da multidão. Aliado a isso, cresce a impunidade respaldada, principalmente pela ambígua legislação brasileira. Esta, cheia de caminhos sinuosos, favorecendo apenas uma pequena parcela da sociedade. Nessa realidade, a população padece, carregando nas costas o peso da irresponsabilidade de um país que peca no quesito igualdade.
O Brasil atualmente vive numa estratificada dicotomia: de um lado está à pequena massa absurdamente rica e, do outro, a grande parcela da população que luta para permanecer existindo, porque viver com dignidade já é quase impossível. Acima de tudo isso, estão aqueles que deveriam equalizar as divisões de bens entre a população, ao ponto de cada pessoa ter o necessário para viver bem e conseguir manter certa qualidade de vida. Falo dos políticos, os governantes desse país, os “representantes” máximos do povo, aqueles que têm o poder, dado por nós, para defender nossas causas, mas que, por alguma ou várias razões, não o fazem.
Se o slogan disseminado pela mídia fala de um “país de todos”, logo, ele deveria abarcar igualitariamente todos os grupos sociais que ocupam esse país. Entretanto, como se sabe, na prática não é bem assim que acontece. Enquanto, por um lado, uma pequena minoria usufrui de todo um conjunto de conforto com moradia, saneamento, água encanada, educação de qualidade, segurança e bom atendimento de saúde, por outro, a grande massa da sociedade não tem acesso a metade de tudo isso. Nessa linha, nada tênue, onde estão os políticos para tentar desfazer essa divisão abissal existente na economia brasileira?
A resposta é simples. Muitos estão ocupados preparando projetos de lei desnecessários, ou pensando numa forma de aumentar os seus salários altamente imorais, se comparados com os recebidos pela grande parcela da população. Ou, estão desviando dinheiro público, para os seus já pomposos bolsos, enquanto a maioria dos cidadãos faz malabarismos com o mísero salário que recebem. Em outras palavras, os nossos escolhidos, aqueles que deveriam mudar a problemática social existente, fazem parte da fina fatia de sociedade que goza da boa qualidade de vida, esbanjando bens e ampliando as suas fortunas, enquanto o restante do povo vive apenas com a esperança de um dia conseguir ter uma vida de verdade.
Alguns poderiam dizer que esse quadro desalentador, vivido por muitas das famílias desse Brasil, é o reflexo de um povo que não sabe escolher bem os seus governantes. Outros diriam também que é o resultado cultural da corrupção impregnada na essência de um povo, como legado deixado pelos colonos que aqui chegaram. No entanto, penso que a causa de tudo isso está relacionada à ausência de informação, esta que anda lado a lado de outra chamada “conhecimento” e que faz parte de um todo denominado educação.
As pessoas só são manipuladas como são, pois elas, muitas vezes, são carentes de conceitos básicos que permitiriam o discernimento do próprio pensamento, o que resultaria numa posição crítica sobre o mundo do qual fazem parte. Sabendo disso, os detentores do poder usam essa lacuna contra essas próprias pessoas, perpetuando um discurso desonesto que acaba segregando classes, ampliando o desnivelamento social, aumentando, consequentemente os índices de violência, elementos esses responsáveis não só pela separação econômica do homem, mas também e, sobretudo, pela desunião da espécie humana.
É evidente que a desigualdade social não tem dia e nem hora para acabar. De fato, ela sempre existiu e, infelizmente sempre existirá. Ou seja, haverá sempre o grupo dos que mandam e dos que obedecem. Porém, o que deve terminar de uma vez por todas é a ideologia de estratificação que, intrinsecamente impede a ascensão de um grupo sobre o outro. Também temos que por fim a essa jogatina com o dinheiro público, tendo mais cautela na hora de entregar o nosso voto a determinados candidatos.
E não se esquecer de lutar, para que todas as crianças desse Brasil tenham direito a escolas de qualidade, que primem pelo ensino qualitativo e revolucionário e reivindicar que todas as famílias tenham acesso a um emprego digno, bom atendimento de saúde pública, uma casa com estrutura salutar para se viver e, principalmente uma ampla perspectiva de um futuro melhor para os atuais e futuros cidadãos desse país. Nada disso é utópico, inalcançável ou impossível. Pelo contrário. Tudo isso pode acontecer o quantos antes, para reverter o sofrimento causado pela atual e desonesta desigualdade social. O problema é que o povo está cansado de esperar e de ouvir promessas. O povo quer sair desse mar de mentiras e ver a sua vida transformada.

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