
Para ressaltar ainda mais os malefícios que o futebol pode acasionar irei falar da Copa do Mundo. Isso mesmo! A copa que, como vocês sabem, constitui o ápice do futebol no mundo. Várias seleções se encontram num determinado país única e exclusivamente para competir e trazer consigo a taça de campeão mundial. A euforia é tanta que muitos vestem a camisa do time que torcem, compram bandeiras, pintam as casas, cabeças, móveis, se possível o corpo todo, para mostrar o seu amor pelo time. No entanto, por que todo esse patriotismo depositado nos jogos da copa não é perpetuado ao longo dos anos por outras valas da sociedade?
A resposta é simples: por que não há patriotismo. O que acontece nesse periodo é uma pseudounião de um povo que prefere esquecer os reais problemas que enfrentam, para torcer a favor do seu time. Povo este que serve de massa de manobra, numa nação onde a corrupção e as leis inoperantes governam. Você deve estar sentindo a minha fúria transparecer em cada linha desse texto, mas, antes de me crucificar, explicarei o porquê do meu posicionamento.
As atitudes acima mostram, ou tenta mostrar, o quanto o país está unido em prol da vitória do seu time querido. Contudo, isso não passa de uma grande teia tecida pelas próprias pessoas. Vou explicar melhor. No Brasil o principal assunto de discussão são as diferenças sociais, não é? Bom! E que diferenças são essas: ricoxpobre, brancoxnegro, homemxmulher, gaysxhéteros e etc., sendo que, na época da copa todas elas parecem desaparecer. As pessoas deixam seus preconceitos de lado para unir forças a favor da seleção. Se essa “união” fosse legitma até eu faria parte dela (mesmo abominando futebol), mas, na realidade não é bem assim.
Prova disso foi à eliminação do Brasil na atual copa da África do Sul. Antes de fazer esse texto eu venho observando o quotidiano das pessoas que assitiram a copa. E quem são essas pessoas? Meus amigos, conhecidos e até mesmo desconhecidos. Analisei cada um e percebi o quão artificial é a copa em suas multiplas vertentes e de que forma ela consegui manipular mentes fracas. Olhei ainda, como os jogos interferiram na rotina, já que bancos, comércio, repartições públicas, tudo parou para ver o Brasil jogar.
Voltanto a derrota da seleção. No fatidico dia em que ocorreu a eliminação eu presenciei pessoas brigando, discussões infundadas, argumentos mal fundamentados, tudo para tentar justificar a partida em que o Brasil foi eliminado pela Holanda. Nisso, a televisão exerceu o seu papel princiapal, ou seja, a manipulação da massa. A todo o momento falava-se sobre a derrota e o porquê dela. Colocaram a culpa em Dunga, em Mick Jagger, por ser “pé frio”, em jogadores... Enfim, tentaram encontrar meios de justificar algo que eu já sei há tempo: a seleção, como representante máxima do futebol no país, mostrou apenas uma coisa: jogadores milionários e um péssimo trabalho esportivo.
Muito além disso estão os problemas vividos no país da copa. Como se sabe, a África é marcadoca por problemas socioculturais que, nem de longe o Brasil sonharia em enfrentar. Desiguladade, conflitos religiosos, crise financeira, pobreza, miséria extrema, fome, AIDS (mais da metade dos portadores dessa doença estão lá), má distribuição de rende e etc. Este último pode ser exemplificado com a copa, já que a sede dos jogos mundiais limitou-se apenas a África do Sul, região esta mais desenvolvida e de grande maioria branca.
Em contrapartida, nem mesmo a escolha do local da copa diminuiu a indgnação da população local. Vi na televisão, se não me engano ontem, uma reportagem que falava sobre os ganhos e perdas que o continente teve com esse evento. É notório que muitos foram beneficiados com os jogos, mas a grande maioria não. Na reportagem que eu assiti, mostrava claramente a fúria de centenas de pessoas que não lucraram nada com a copa.
Eu vou além disso: e o resto do continente, como ficará após o termino da copa? Os colossais investimentos, se direcionados para sanar os problemas dos africanos, poderiam mudar a triste realidade vivida por eles? Cadê a união nesse momento em que o mundo esteve de olho na copa? É simples: a união foi suplantada pelo divertimento e entretenimento de muitos que preferem fechar os olhos ao ver e, sobretudo, solucionar a dor alheia. Enquanto isso a África continuará pobre e miserável, lutando para manter o que resta da sua cultura e tradição.
É lamentavel saber que tanto dinheiro é jogado fora, pois, os estádios construídos na África, nem tão cedo serão usados novamente. Trazendo esse foco para o Brasil, onde em 2014 ocorrerá a próxima copa, outros problemas marcarão o pais. E já estão marcando! Isto por que, em muitos estados já começaram as obras para a copa e muitos estádios já estão sendo construídos. Como eu não sei o que ocorre em outros estados, falarei apenas do meu.
Em Pernambuco as obras da cidade da copa, localizada na região metropolitana do Recife, conta com a desaprovação de alguns ambientalistas que temem um grande desastre no ecosistema. A região que sediará o evento fica próxima de um resquício de mata atlântica que será duramente atingida para a construção das grandes estruturas de cimento. Mas, parece que o meu ambiente não é importante, já que a copa suplanta outras esferas sociais de dimensões bem maiores como aeducação, política e saúde.
Eu encaro esse devaneio da nação como uma tentativa frustrada de revalorização da pátria típica dos ideais românticos do século XVIII. Um falso patriotismo que acaba ferindo toda uma rede de acontecimentos, desviando a atenção para o que realmente deveria ser valorizado no país. Se você pensa como eu, PARABÉNS! Você faz parte do grupo que está a frente de uma massa que preferi repetir o discurso fadado que a mídia faz questão de propagar. Com isso, não espero convencer ninguém sobre o meu ponto de vista, mas mostrar que o futebol também tem seu lado nocivo e precisa ser trazido a tona. Termino essa postagem com uma frase que diz muito em poucas palavras
"Essa questão de sermos guerreiros e compatriotas na Copa é uma burrice. Futebol é esporte, só isso. Misturar patriotismo e futebol é de uma infantilidade tremenda (José Wilker)”.

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