Insustentável mundo: a difícil tarefa de equilibrar economia e ecologia




As discussões em torno da defesa do meio ambiente não são recentes. Desde Estocolmo em 1972, passando pelas Conferências de Kyoto, ECO92 e a espetaculosa RIO+20, muitos foram os debates entre países ricos e emergentes em torno de medidas que pudessem frear a degradação do meio ambiente. No entanto, em todas elas, pouco foi feito para conter o agravamento dos atos humanos sobre a natureza.  Tal fato possivelmente esteja alicerçado na dificuldade do homem moderno de pesar igualitariamente o crescimento econômico com a preservação do próprio ecossistema numa balança justa.

O descaso com a natureza tem resultado no desequilíbrio do planeta, este que a todo o momento demonstra, através de inúmeras catástrofes, sua insatisfação com as atitudes dos seres humanos. São chuvas foras de época, secas atipicamente duradouras, a temperatura do ar ora muito seca, densa, em algumas regiões, ora fria, com ventanias, furacões e toda a sorte de fenômenos atípicos, destruindo tudo e todos por onde passa. Toda essa loucura, para alguns, não está limitada apenas ao famoso/polêmico aquecimento global, visto que há quem afirme que as mudanças climáticas da terra sempre ocorreram e continuarão a acontecer. Entretanto, é inegável que esse ciclo vem sendo potencializado pelo homem, com a sua cobiça desenfreada pelo dinheiro.

Aqui no Brasil pouco tem sido feito para melhorar a convivência entre homem e a natureza. A RIO+20, conferência que tentou trazer à tona soluções para os problemas sofridos pelo ecossistema, não passou de uma vitrine do Rio de Janeiro para o mundo. A escolha estratégica desta cidade se deu prioritariamente porque lá será sede de grandes eventos esportivos, os quais recebem mais investimentos públicos do que as políticas voltadas à preservação da natureza. Disso resultou um encontro fraco, com debates vazios e inutilizados, dos quais a hipocrisia e a prolixidade se fizeram presentes em discursos longos, mas improdutivos.

Ainda no cenário nacional, há diversas polêmicas ambientais a serem resolvidas. Entre elas, o novo código florestal, a transposição do Rio São Francisco, a construção da usina de Belo Monte, são alguns dos muitos embates entre o homem e a natureza, no qual o primeiro geralmente tem levado a melhor. O progresso econômico do país é o único responsável pelo desinteresse dos nossos governantes nesse sentido, pois não há, nem houve, uma política pública pautada no pleno cuidado com o meio ambiente. Pelo contrário, tais polêmicas demonstram que o crescimento financeiro da nação está acima de qualquer tentativa de preservação da natureza, já que estamos acostumados a extrair demasiadamente, porém falta uma educação focada na reposição o que foi retirado.

Essa postura “exploratória” daqui é fruto de uma herança lusitana e, por sua vez, europeia. Historicamente, sabe-se que os nossos colonos, ao abarcarem nas terras das quais batizariam em seguida de Brasil, tinham como foco explorar e, assim, extrair todas as riquezas naturais que esta terra pudesse oferecer. Essa atitude, na atualidade, perpetua-se na destruição da natureza. Mesmo com programas de reflorestamento, dos quais tentam minimizar os danos acarretados as grandes áreas florestais, não são suficientes para conter a degradação de matas como a amazônica e atlântica, as mais afetadas no cenário nacional.

Além disso, as teorias sustentáveis, que são belas em papel, são insignificantes, comparado com o poder destrutivo da sociedade. Tendo como base equilibrar a economia com a ecologia, a sustentabilidade ecoa em discursos proferidos por chefes de estado de várias partes do mundo, mas com pouca credibilidade. Nele, em tese, a sociedade deveria equalizar o seu convívio com o meio ambiente, buscando maneiras de reduzir, reciclar e reutilizar toda a matéria prima que pudesse ser reaproveitada. Em alguns lugares tal prática de fato acontece e vem sendo usada como ferramenta de trabalho por pessoas carentes que se utilizam, por exemplo, da reciclagem de plástico, papel e vidro, como fonte de renda.

Em contrapartida, a sociedade ainda carece de uma educação sustentável. Faltam, no ambiente escolar, teorias e, sobretudo práticas nesse campo, as quais possam levar o alunado a um contato direto com as belezas que a natureza dispõe, bem como com os danos causados pela sociedade sobre ela. E isso não é difícil de ser realizado, uma vez que os esgotos a céu aberto, a fumaça poluída dos veículos, os manguezais entupidos de lixo, os rios e mares impróprios para banho e as florestas constantemente devastadas, servem de excelentes aulas expositivas sobre como nós estamos interagindo com o nosso habitat, e de que tipo de planeta está sendo legando para as futuras gerações.

No teatro do ecossistema, a sociedade ocupa um papel de coadjuvante, enquanto a devastação, a destruição, o descaso, o desinteresse entre outros negativismos protagonizam absolutos. A sociedade, inconsequente e inerte, não se posiciona a favor do meio ambiente porque ainda não se conscientizou da gravidade de todo esse problema. Florestas estão perdendo suas árvores, animais são extintos ano a ano, rios são poluídos e o ar vem se tornando cada vez mais poluído, mas nada disso serve de alarme para o problema do planeta. Vívido, o crescimento econômico segue seu estrelato, ignorando os sinais cada vez mais precisos da natureza, num ecoante pedido de socorro. Portanto, é possível sim equilibrar economia e ecologia, desde que o homem se conscientize que se nada for feito agora, possivelmente as gerações futuras terão que conviver com um mundo ecologicamente insustentável.

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