Na busca por um país mais justo e igualitário, a sociedade tem cada vez mais se preocupado com as questões referentes as minorias, estes, que por sua vez, sofrem historicamente com a perseguição ideológica de alguns personagens ditos “conservadores”. Entende-se por conservador, nesse contexto, aquele indivíduo que sustenta opiniões inabaláveis sobre temas de ordem social, sobretudo aqueles mais polêmicos, os quais, como se sabe no Brasil, poderiam ser destacados a liberalização da maconha, a homofobia e o racismo. Estes grupos fazem parte da tal minoria estigmatizada, alvo constante dos moralistas que muitas vezes, extrapolando os juízos de valor, impedem que o restante da sociedade enxergue certos temas de forma menos pejorativa. Um dos muitos brasileiros que se encaixam nesse perfil é o deputado federal do PP- RJ Jair Bolsonaro. Ele que, com opiniões controversas, tem mostrado que o preconceito racial, a homofobia, o machismo, entre tantos outros males da humanidade, não estão adormecidos, mas sim mascarados.
O Brasil tem acompanhado com perplexidade as declarações feitas por Bolsonaro a respeito das camadas inferiorizadas pela sociedade. Membro da Comissão dos Direitos Humanos, ele tem mostrado que não está psico-humanisticamente preparado para tal cargo. Isto porque, numa das suas polêmicas entrevistas ele aconselhou que para curar uma possível homossexualidade dos filhos, os país poderiam dar algumas "palmadinhas corretivas". Numa época onde o discurso contra a violência infantil está sendo amplamente disseminado, é um tanto quanto criminoso alguém propor um modelo educacional desse tipo. Até porque, sabe-se que a homossexualidade não pode ser “curada” a base de tortura, como era feito pelos trogloditas em períodos remotos da história mundial. A sexualidade humana não é escolhida ou optada, ela simplesmente se impõe ao individuo que, devido a fatores culturais, muitas vezes acaba tendo que mascará-la para fugir da discriminação e do preconceito.
Ainda na esfera da discriminação, o deputado recentemente cometeu mais um dos seus tórridos comentários. De forma ofensiva, ele feriu a integridade do povo brasileiro quando, numa entrevista ao programa CQC, exibido pela emissora Band, fala de forma preconceituosa sobre os negros desse país. Ora, como alguém que nasce numa terra tão rica em diversidade humanística como o Brasil, sobretudo alguém dotado de conhecimento, pode expor para a nação um posicionamento tão pedante? Ainda sobre os negros, o deputado afirma ser contra qualquer forma de cotas para esse grupo, com um argumento de que todos são iguais perante a sociedade. No entanto, ele esquece-se de que as cotas não foram criadas para serem uma esmola, mas sim, como uma tentativa singular de compensar os maus tratos e os anos de atraso pelo qual a comunidade negra desse país passou.
Nesse mesmo momento, ele ataca também os homossexuais dizendo que a sociedade está tentando liberar a promiscuidade quando apoia essa classe, já que para ele os gays são sinônimo de perversão e doenças. Nesse sentido, parece que a homossexualidade é o principal alvo desse político, pois a todo instante ele faz algum tipo de declaração ofensiva, pejorativa e discriminatória contra os gays. Na mente dele, ao que parece, o “homossexualismo” (sic), não é uma prática humana e deveria ser punida de forma severa. Dotado de conceitos morais arcaicos Bolsonaro justifica a sua aversão aos gays ao fato deles serem, na concepção dele, uma classe amoral/imoral, ou seja, acima dos padrões “civilizados" da sociedade. Além disso, para o deputado a palavra homossexualidade rima com promiscuidade e vulgaridade. Essa forma de pensar poderia ser justificada se estivéssemos na Idade da Pedra lascada, em outras palavras, num período do qual o ser humano agia única e exclusivamente através dos instintos. No entanto, a sociedade vive à época da racionalização, do entendimento do outro, e, principalmente da reflexão. Assim, o que o deputado está fazendo contra a comunidade LGBT é uma clara tentativa de propagar a homofobia, num país onde frequentemente os gays são discriminados, perseguidos e mortos.
Depois da repercussão de tais opiniões, Bolsonaro tentou desfazer em parte o que disse, mas já era tarde. O povo presenciou de forma clara que a intolerância de alguns políticos é um dos principais empecilhos para a aprovação de alguns projetos de lei, dos muitos que tramitam no senado. Esse mesmo povo, que agora se assusta com as declarações desse deputado, deveria ter tido mais critério na hora que escolheu esse homem para representá-los. É por escolhas dessa dimensão que o Brasil não consegui se desvencilhar do esteriótipo corrupto e despreparado do qual paira na politica nacional. É lamentável saber que esse mesmo homem ainda está no poder, exercendo influência numa sociedade vítima da própria irreflexão.
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