Em qualquer cultura a sociedade sempre esteve alicerçada em pilares fundamentais para a manutenção da qualidade de vida das pessoas e a preservação dela. Nessa estrutura há um tripé que merece ser destacado pelo seu grau de importância, crucialidade e indispensabilidade. Falo da educação, saúde e segurança pública, pois sem estas três instâncias, possivelmente a vida na terra seria um caos. Para cada uma delas há um profissional empenhado em perpetuar seus conhecimentos, habilidades e, sobretudo coragem, para garantir que cada cidadão viva dentro da normalidade exigida pelo sistema social. Entretanto, o trabalho feito por professores, bombeiros, médicos e policiais não são tão valorizados como deveriam ser. Pelo contrário, muitos recebem péssimos salários, trabalham em condições desumanas e ainda são crucificados quando cometem algum erro. Tratados como verdadeiras máquinas, estes indivíduos são os representantes máximos do equilíbrio social, mesmo assim não recebem o devido reconhecimento por isso.
Se a educação é uma das principais ferramentas para que se possa transformar a realidade social, então a sua importância está sendo desconsiderada paulatinamente. Isto porque, aqui no Brasil, muito tem se falado sobre as melhorias nesse campo, principalmente com os altos investimentos que o governo tem inserido para melhorar a qualidade da estrutura das escolas, do material didático fornecido aos alunos e na metodologia de ensino em geral. No entanto, nesse âmbito, uma peça fundamental sempre fica fora do campo de visão dos governantes, os professores.
Estes profissionais ainda ganham os piores salários do país, vivem em condições subumanas de trabalho e ainda não ganham o devido mérito da sociedade pelo trabalho altruísta que exercem. Passam anos e anos dentro de salas de aula, convivendo muitas vezes com alunos desestimulados, violentos e sem perspectiva de futuro e ainda sim fazem de tudo para mudar a triste realidade deles. Muitos desses professores vãos além dos limites do ensino e acabam se tornando pais, conselheiros e amigos de crianças e adolescentes carentes não só de conhecimento, mas também de reconhecimento enquanto seres humanos donos da sua própria capacidade de transformação.
Outro membro importante da escala social são os médicos, bem como outros profissionais da área de saúde como um todo. Esta figura, infelizmente só é lembrada pela sociedade em dois momentos específicos, ou quando salva a vida de alguém que está à beira da morte, ou quando comete algum erro que acaba acometendo a vida de algum paciente. Entre estas duas possibilidades, a chance de ser execrado quando comete um erro é bem maior do que de ser elogiado pelos seus acertos diários. Trabalhando em hospitais, geralmente com condições precárias e repletos de pacientes, esses profissionais são alçados ao patamar de muitas máquinas existentes na sociedade, pois, independente do ramo em que trabalhem, eles não podem errar em nenhum momento. O que muitos se esquecem é que, mesmo sendo preparados para salvar vidas, os médicos são pessoas como quaisquer outras e por isso suscetíveis a erros.
O que falar então do serviço de segurança pública do Brasil. Num país onde os índices de violência crescem em vários âmbitos, há de se pensar que existam muitos investimentos na qualidade do trabalho exercido por policiais civis e militares. Ledo engano, pois, infelizmente estes profissionais além de conviverem com o descaso do poder público ainda arriscam as suas vidas para tentar manter a ordem nessa terra onde a marginalidade e a inoperância da legislação fazem as suas vítimas. Em alguns estados brasileiros aumentou o efetivo de policiais nas ruas, porém as constantes paralisações desses trabalhadores mostram um cenário desolador da realidade de descaso vivida por muitos deles. Os bombeiros, por exemplo, ganham um salário ínfimo para sacrificarem as suas próprias vidas e mesmo assim não podem reivindicar por melhores condições de salariais.
E nessa relação de má condição trabalhista e desrespeito por parte da sociedade é o caminho que muitos desses profissionais seguem na sua íngreme batalha para melhorar a vida das pessoas pelo Brasil a fora, mesmo sem o devido reconhecimento. A limitação existente não só por parte dos governantes desse país, mas também da sociedade como um todo, é o reflexo de uma cultura acostumada a valorizar coisas supérfluas e desvalorizar aqueles que realmente fazem algo produtivo para transformar a realidade desumana existente no país.
Por isso, antes de acusar um médico por um possível erro tente ver quanto ele sofre para garantir um serviço de qualidade para você e sua família; Antes de condenar os policiais e bombeiros se questione, se o que eles recebem todos ou meses vale a pena ao ponto de arriscarem as suas próprias vidas para salvarem pessoas desconhecidas como eu e você; E antes de crucificar um professor, ou taxá-lo de bom e ruim, perceba como seria a sua vida e a de muitas pessoas sem os ensinamentos desse profissional tão vital para a nossa formação intelectual. Pense nisso!
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