Idealização Temática: Júlio Moura (Live and Let Live)
Engarrafamento, poluição, cheiro de gasolina são características marcantes nas grandes metrópoles brasileiras. Esse tsunami da urbanização mascara um mundo paralelo, no qual muitas pessoas realizam suas fantasias sexuais em locais públicos. Essa prática de “outdoor”, bem conhecida entre os países europeus, está em expansão pelas capitais do nosso país, ganhando cada vez mais adeptos. O lócus, nesse sentido, atua como elemento facilitador, oferecendo um arcabouço temático para a realização dos desejos mais profundos.
As aventuras sexuais em locais imprivativos, a priori, revela a necessidade de alguns casais em apimentar o seu relacionamento, realizando os seus fetiches mais íntimos. Essa luxuria moderna é mais comum do que a maioria da população imagina. Banheiros públicos, shopping centers, elevadores, escadas de prédios, praias, avenidas, sacadas, ruas e vielas, todos esses ambientes, entre tantos outros, são utilizados no intuito de satisfazer os desejos mais ocultos.
A pergunta que paira no ar é: o que leva essas pessoas a se arriscarem em lugares onde a movimentação de pessoas é constante? Acredita-se que a resposta para esse questionamento reside, não apenas no espírito aventureiro das pessoas que praticam esses atos, mas sim numa áurea lasciva que inebria a mente, fazendo com que a libertinagem ganhe uma nova significação, a de liberdade.

Essa tendência, em contrapartida, não se limita a apenas aquecer a rotina sexual dos casais hetéros, pois a presença dos homossexuais nesses espaços tem ganhado um aspecto diferencial, visto que não há, muitas vezes, um controle estrutural que os impeçam de praticarem suas fantasias. Os chamados “points”, ou comumente denominados “pontos de pegação”, tem se tornados uma opção para aqueles que estão à procura de sexo fácil, com altas doses de perigo. Isso acontece porque há uma demanda cada vez maior nesse sentido, contribuindo, consequentemente para a elevação da oferta.
Esse anti-convencionalismo sexual tem dado uma nova concepção da sexualidade, pois atualmente as pessoas querem sentir prazer, satisfazer o âmago das suas vontades, gozar no sentido lato da palavra, independentemente dos riscos que isso possa lhes trazer. Na realidade, esses hábitos neobabilônicos, ou seja, fazer sexo em demasiado, das maneiras mais diversas possíveis, com pessoas muitas vezes desconhecidas e geralmente com mais de um parceiro ganhou uma nova significação, de modo que só o termo promiscuidade poderia abarcá-lo.
O destemor é o termo apropriado para classificar esses atentados aos pudores de uma sociedade conservadora, acostumada a maquiar tudo o que está relacionado com a sexualidade alheia. O tabu, nessa perspectiva, impede que aja uma compreensão mais aprofundada sobre essa temática, tanto uma visão antropocêntrica quanto uma biológica, pois o sentimento que guia essas pessoas, a burlarem as normas sociais, está intimamente relacionado com o êxtase que a adrenalina proporciona nesses indivíduos. Por isso, é indubitável conhecer a fundo esses seres humanos que cada vez mais buscam concretizar suas necessidades sexuais em locais públicos.

Engana-se pensar que transar em áreas de circulação comum está restrito a atmosfera da prostituição, pois o que cada vez mais atrai as pessoas, a copularem no lócus coletivo, é a liberdade que esses espaços proporcionam; a gratuidade, pois não se paga nada por alguns momentos de prazer; o anonimato que os freqüentadores oferecem; a rotatividade de pessoas, possibilitando um leque de escolha e variedade; além e, sobretudo do espírito aventureiro que guia essas pessoas a realizarem fantasias inimagináveis.
Portanto, se você encontrar algum casal no ápice do prazer, não os veja com os olhos do preconceito ou de forma pejorativa, e sim como seres humanos que tem desejos carnais, iguais a você, e que apenas resolveram externá-los de uma forma mais ardente. Não se assuste, apenas tente compreender os elementos que os levaram a praticar esses atos de “luxuria”.
Comentários
Postar um comentário