Você é Homofóbico?


Diante de tanta polêmica envolvendo o universo dos homossexuais e a sua expressiva visibilidade no cenário nacional, resta saber o que as pessoas pensam a respeito dessa avalanche cor de rosa que está invadindo os lares dos brasileiros. Sabe-se, no entanto, que muitas delas ainda nutrem um sentimento aversivo contra a homossexualidade, muitas vezes motivados por pensamentos preconceituosos e mal fundamentados. No meio desse fogo cruzado estão os gays, estes que, iguais a mim e a você, fazem parte do todo chamado sociedade. Então, é coerente conhecer o perfil dos indivíduos heteronormativos e suas opiniões quanto ao polêmico tema em questão.

Parece um tanto desolador constatar que alguém seria capaz de assumir publicamente a sua aversão à homossexualidade. Entretanto, o que se vê pelo Brasil acaba refutando esse pensamento. Muitas pessoas, por motivos diversos, frequentemente expõem para quem quiser ouvir que são contra as práticas homossexuais, quando não afirmam que se incluem entre as “milícias da moral”, conhecidos por todos, na atualidade, como homofóbicos. Se o cidadão opina contra a homossexualidade, por razões de foro íntimo, tudo bem. Mas, quando as declarações que são deflagradas em direção aos gays têm uma conotação de repúdio, isso pode resultar nos explícitos atos de violência, vivenciados pelos LGBTTs Brasil a fora.

Esses indivíduos homofóbicos, de forma covarde e desumana, aproveitam-se da vulnerabilidade dos gays para fazerem os seus ataques. A maioria deles, porém, não tem consciência do por que agem com tanta brutalidade. Numa reportagem feita pelo programa Conexão Repórter, do SBT, o jornalista Roberto Cabrini entrevistou um grupo que se dizia abominar os homossexuais. Questionados sobre o motivo de tanto ódio, todos repetiram que "o homossexualismo (sic) era uma doença e que Deus fez o homem para mulher". Interpelados pelo repórter sobre se isso era o suficiente para que os gays fossem perseguidos por eles, os homofóbicos disseram ainda que "ser gay era errado". É notório, pelas respostas, que as mentes pequenas dessas figuras representam a ignorância de uma nação iletrada, no seu sentido mais abrangente, e, consequentemente carente de conhecimento.

Recentemente, um levantamento publicado pelo revista Superinteressante constatou que o perfil do brasileiro, quanto a temas homoafetivos, é de extremo preconceito. Quando o assunto em pauta são os gays, muitas pessoas não entendem, ou preferem não entender, a homossexualidade em sua acepção mais abrangente. Em outras palavras, ser gay assumido no Brasil, para alguns, é o mesmo que está enquandrado entre as atrocidades cometidas por ladrões e assassinos em série, ou vista como uma doença incurável. Tal visão acaba obscurecendo o caminho já árduo percorrido pelos homossexuais no país. Além disso, essas comparações são usadas inexoravelmente por muitos cidadãos para justificar a exclusão que eles atribuem aos homossexuais.

Nas mesma pesquisa constatou-se que uma significativa parcela dos entrevistados se autoidentificaram como homofóbicos. Isso é um dado alarmante, sobretudo porque aqui no Brasil, ainda não há uma lei rígida a qual proteja os gays dos ataques dessas pessoas avessas a homossexualidade. O PLC122/2006 ainda está em tramitação no congresso, sendo alvo constante de calorosas discussões sobre a sua possível aprovação. Enquanto ele não é aprovado os gays, por sua vez, se tornaram presas fáceis de grupos ou dessas mesmas pessoas que se denominam como homofóbicas. O Grupo Gay da Bahia há pouco tempo relatou que o crescimento dos crimes de ódio desse tipo teve crescimento bastante acelerado de uns anos para cá. A região nordeste aparece encabeçando essa lista a qual registra os maiores índices de violência cometidos contra a comunidade LGBTT se comparado a outras regiões do Brasil.

Mesmo sabendo que a homofobia agride não só física, mas também psicologicamente o ser humano vitimado, muitas pessoas parecem ignorar essas consequências. Muitos dos que machucam, ofendem e até matam gays vão ser pais e mães num futuro próximo. Será que quando tiverem um filho e souberem que este é homossexual terão a mesma postura repressiva que exercem com outras pessoas na atualidade? Será que vão gostar de ver o próprio filho sendo humilhado, torturado e morto por desconhecidos que nem sabem por que existem diferenças entre os seres humanos? A intolerância é o principal condicionador das atitudes violentas contra os homossexuais. Assim, vale lembrar que a comunidade LGBTT não está pedindo que a sociedade os aceite. Eles apenas querem respeito e esse sentimento é digno de ser ofertado a qualquer ser vivo, seja ela racional ou não.

Portanto, se você prefere manter distância dos gays, acha confuso o modo de vida deles e as escolhas que são feitas por estes, é um direito que lhe assiste. Porém, se você discrimina, age de forma preconceituosa, humilha, agride (física ou moralmente) algum desses indivíduos apenas por causa da sua sexualidade, então, possivelmente você seja mais um desses homofóbicos que se multiplicam aos montes pelo país. Vale destacar que há uma enorme diferença entre ACEITAR e RESPEITAR. Qualquer pessoa tem o DIREITO de não querer aceitar a homossexualidade na sua vida cotidiana, bem como da sua família. Em contrapartida, estas mesmas pessoas tem o DEVER de respeitar os homossexuais enquanto seres humanos dotados de valores e donos da sua liberdade de expressão.

Se você leitor aceita ou não a homossexualidade, mas respeita a liberdade dos gays e não vê problema algum em garantir que os direitos a essa minoria sejam cumpridos, então você faz parte da parcela da sociedade que quer construir um Brasil mais justo e igualitário. Entretanto, os que se dizem aversos a homossexualidade, preferindo propagar a intolerância, o desrespeito e, sobretudo a violência, a estes, resta um questionamento: Num país onde a desigualdade social lança as suas vítimas para a vala do esquecimento; Onde a política é manipulada pelas mãos de poucos às custas de muitos;Onde a criminalidade cresce em função dessas disparidades sociais. Por tudo isso, será que há algum argumento plausível que justifique aumentar a violência, já operante no Brasil, seja ela contra quaisquer minorias, principalmente contra os homossexuais?

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