Entrevista com o Vampiro: Adentrandro no Mundo da Prostituição Masculina


Quem nunca se deparou na rua, em alguma esquina e até mesmo nas grandes avenidas, com pessoas dispostas a oferecer serviços sexuais, em troca de uma quantia em dinheiro? Acho que poucos podem dizer que não. Isto porque a profissão mais antiga do mundo, proporcionalmente marginalizada, circunda o cotidiano de todos. Em algum lugar, seja de dia, seja de noite, homens, mulheres, travestis e homossexuais em geral oferecem seus corpos, por preços variados, com intuito de saciar os desejos mais lascivos e as fantasias mais exóticas.
 
Tradicionalmente, essa profissão tinha como representante máxima as mulheres. Elas que por sua vez ficaram, e ainda ficam, responsáveis por “resolver” os fetiches de homens e casais que buscam algo inovador entre quatro paredes. As famosas, cortesãs, raparigas, concubinas e qualquer outro adjetivo que possa caracterizá-las, não mais são as únicas a povoarem o universo da prostituição. Pelo menos não na atualidade, uma vez que cresce o número de travestis e, sobretudo de homens que se aventuram nesse campo movediço da sexualidade encomendada.


É justamente sobre esse fenômeno que quero focar. Há pouco tempo, bem antes das festas de fim de ano, eu tive a oportunidade de conversar com um garoto de programa. Isso mesmo! Sem querer consegui conversar com ele e arrancar uma entrevista EXCLUSIVA. Na realidade, ele tentou oferecer os seus serviços para mim. Então, eu disse a ele que não era a minha praia, e ele respeitosamente entendeu. Em meio a isso, conversamos e ele aceitou contar tudo sobre a sua vida dupla, já que ele trabalha em outra função completamente diferente durante o dia.
O que e surpreendeu no bate papo com ele foi, primeiro, a delicadeza dele. Mesmo sendo um homem de aparência rústica, uma vez que ele tinha traços fortes, corpo bem malhado e uma voz de locutor de rádio romântica, ao mesmo tempo conseguia passar uma sensibilidade que encantaria muitas mulheres, homens ou quem estiver emocionalmente carente. Segundo ponto que me chamou atenção foi o desprendimento dele em falar sobre a sua profissão paralela. Abertamente ele confessou que, diferente de outros por ai, ele se prostitui não apenas pelo dinheiro, do qual ele ganha muito bem, mas principalmente pelo prazer de estar transando com pessoas desconhecidas e realizando fantasias mútuas. Não é fantástico?! Confiram então o que rolou na entrevista com esse rapaz que representa muitos outros garotos dos quais têm a prostituição como fonte de renda, de sobrevivência e meio de sentir prazer.

1- QUAL É O SEU VERDADEIRO NOME?
Meu nome é André, mas na rua uso Thiago. Acho mais charmoso.
2- QUAL É A SUA IDADE?
Tenho 24 anos.
3- E DESDE QUANDO VOCÊ COMEÇOU A TRABALHAR COM A PROTITUIÇÃO?
Comecei há pouco tempo. Mais precisamente há dois anos. Trabalhava numa sauna gls como garçom e o dono de lá viviam me convidando para virar garoto da casa, mas eu tinha medo, vergonha, sei lá. Demorei a aceitar. Até que um dia ele e demitiu e disse que eu só voltaria ali se fosse como garoto de programa. Fiquei encurralado e tive que aceitar a proposta (sorri).
4- E VOCÊ ATENDE A QUE PÚBLICO?
Qualquer pessoa. Público misto. Não faço escolhas, pois quem deve fazer isso é o cliente. Apenas executo a minha função na hora.


5- ENTÃO VOCÊ REALIZA QUALQUER FANTASIA NA CAMA, É ISSO?

Sim, sim. Posso ser ativo, passivo, bissexual, qualquer coisa, desde que o cliente decida qual é a melhor para ele.

6- E CHEGA A ROLAR PRAZER NESTAS TRANSAS?

Sempre rola. Procuro fazer um serviço diferenciado para que o cliente retorne. E isso tem que ter o prazer embutido. O cliente tem que sentir que estar sendo desejado, essa é a diferença.

7- VOCÊ DEVE TER FAMILIA E UMA VIDA PARALELA A ESSA. ENTÃO, COMO VOCÊ VEM CONSEGUINDO CONCILIAR A VIDA COMO GAROTO DE PROGRAMA NO SEU DIA A DIA EM CASA OU NO TRABALHO.

Numa boa. Minha família sempre soube. Desde o primeiro dia que eu decide aceitar essa vida. Minha mãe preferi não tocar no assunto, mas o restante da família aceita numa boa. Consegui muitas coisas legais com o dinheiro de garoto. Coisas que não conseguiria antes, sendo apenas garçom. Dentre elas a possibilidade de comprar uma casa melhor para a minha mãe e me tornar independente financeiramente falando. Já no meu outro trabalho ninguém sabe. Não tenho medo de assumir, mas prefiro deixar como está. Sou gerente numa loja de calçados e sinto que há muito preconceito sobre esse tema. Então, quando me sentir seguro, eu conto. Quem sabe!

8- ENQUANTO A SUA IDENTIDADE DE GÊNERO, VOCÊ SE CONSIDERA HÉTERO, BISSEXUAL, PANSEXUAL?

Sou hétero. Tenho uma namorada, na verdade uma noiva. Ela não sabe da minha outra profissão, óbvio. Gosto de mulheres. Tenho tesão nelas. Quando saiu com homens ou casais, mesmo sentindo prazer, faço apenas por dinheiro mesmo.



9- TRABALHAR COM O CORPO DEVE SER MUITO PERIGOSO. CONSTATEMENTE VEMOS NOTICIÁRIOS DE PESSOAS QUE SÃO AGREDIDAS OU MORTAS POR CLIENTES INSATISFEITOS. COM VOCÊ JÁ ROLOU ALGUM TIPO DE AGRESSÃO POR PARTE DE ALGUM CLIENTE?

Por incrível que parece não. Tenho muita sorte nesse sentido, porque todos os meus clientes são pessoas inteligentes e que recebem um bom trabalho da minha parte. Nunca deixei nenhum insatisfeito e espero não passar por situações desagradáveis. Se um dia acontecer, eu sei bem me defender.

10- AGORA VAMOS PARA AS PERGUNTAS MAIS INDISCRETAS. QUANTO CUSTA O SEU SERVIÇO E VOCÊ FATURA QUANTO COMO GAROTO DE PROGRAMA?

Eu cobro R$ 100,00 por cliente. Chego a ganhar até R$ 5,000,00 por mês. Acho que conseguiria ganhar mais do que isso, mas tenho que manter a minha outra vida como gerente.

11- É UM BOM FATURAMENTO. O QUE VOCÊ PRETENDE FAZER COM ESSE SALÁRIO PARA O FUTURO?

Já ajudei a minha mãe e agora penso em fazer uma longa viagem para conhecer alguns países da Europa. Mas, enquanto isso, quero juntar mais dinheiro por aqui, pois se um dia eu resolver parar eu já tenho um dinheiro guardado para a minha segurança.

12- DESCULPA A CURIOSIDADE, MAS QUAL É O SEGREDO PARA TANTA ENERGIA, JÁ QUE VOCÊ TEM NAMORADA, E AINDA SAI COM VÁRIOS CLIENTES DURANTE O DIA. ROLA ALGUM REMÉDIO?

(Risos) é claro que rola um remédio, se não a gente não agüenta o tranco.

13- PARA FINALIZAR A ENTREVISTA, DIGA-ME O QUE VOCÊ ACONSELHA PARA AQUELES QUE ESTÃO QUERENDO ENTRAR NESSE CAMINHO?

Primeiramente pergunte para você se é esse o caminho do qual você quer seguir. É uma vida dura, de altos e baixos, mas que pode ser prazerosa se for feita com dedicação e competência. Ser honesto e fazer bons contatos também ajudam. E contar com um pouco de sorte, sempre!

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