O Candomblé, Conheça e Mude de Concepção.




Existem experiências na vida que são únicas, inesquecíveis. Momentos pelos quais nunca esqueceremos. Algo assim aconteceu comigo ao assistir, pela primeira vez, um culto da cultura afro-brasileira, em outras palavras, o candomblé. Sempre fui fascinado pela diversidade cultural do povo africano, desde os costumes, ritmos, crenças, cores, músicas e danças. Esta última faz parte da minha vida há tempos, pois, para quem não sabe, eu sou bailarino e atualmente faço ballet clássico. No entanto, quando eu comecei a dar os primeiros passos no mundo da dança, foram os ritmos africanos que me seduziram.

Sempre tive uma intensa atração pelas batidas dos instrumentos que compõe a sonoridade desse povo. Por causa disso, sempre respeitei o legado artístico dessa cultura, mesmo não sendo crédulo dos seus dogmas religiosos. Ainda assim, resolvi passar a minha experiência para o papel, no intuito de desmistificar alguns mitos que circundam as tradições da religiosidade africana.

Como se sabe, com a chegada forçada dos negros trazidos da África, muito da cultura desse povo veio acompanhado. Esse grande roubo histórico resultou na sedimentação da pluralidade cultural, na qual o Brasil foi construído. Dentre tantos costumes agregados, a religião pode ser considerada como uma das mais marcantes aquisições deixadas pelos africanos em nossa terra. Com um jeito diferente de celebração, o candomblé, como é conhecido, caracteriza-se por cultuar os elementos da natureza, personificados nas figuras de divindades, ou orixás, que representam o mar, os rios, a floresta, o ar...

É claro que o choque entre o candomblé e a nossa cultura católica foi inevitável. O nosso país, de maioria cristã, olhava e olha de forma pejorativa para esses cultos, associando-os ao satanismo, ou como algo ligado a forças malignas. Esse pensamento limitado se perpetuou até os dias de hoje, pois, ainda há essa concepção errônea das celebrações africanas. Muitos preferem criticar a conhecer a fundo os preceitos propagados pelo candomblé que na sua essência só prega coisas positivas, para aqueles que o seguem.

Bem, voltando a minha experiência, eu fui visitar uma celebração dessa religião e fiquei impressionado com o que vi. Muitas cores, danças, risos, pessoas fazendo pedidos, ou agradecendo pelas graças alcançadas. Não presenciei nada demoníaco ou sobrenatural, apenas pessoas que, por acreditarem na magia do candomblé, recebiam no corpo as suas divindades, das quais são filhos. Evidentemente que esse tipo de manifestação causa certo estranhamento, sobretudo em nós que carregamos um discurso cristão tão arraigado.

Confesso que não entendi muita coisa da cerimônia que assisti. Mesmo acompanhado do meu amigo, que é adepto do candomblé, eu não consegui captar toda a essência daquele momento. Muitas vezes fui levado pelas toadas e pelos giros, deixando muita coisa passar pelas minhas vistas. Todavia, o que eu conseguir assimilar foi suficiente para desconstruir a minha visão limitada dos cultos afros. Lembro que quando acabou eu estava tão feliz, tão renovado. Cheguei a conversar com algumas pessoas que ali estavam e percebi que elas eram tão normais quantos quaisquer outras, e que tinham um extremo respeito pela vida do próximo, pela natureza e por tudo o que é bom.

Não podemos classificar como bom ou ruim algo que desconhecemos. Desse principio parte a intolerância que, lamentavelmente, anda lado a lado com a ignorância. Por isso, sugiro que assistam um culto afro, para desconstruir a nossa visão pseudo-moralista-religiosa, no intuito de entender e desmistificar alguns conceitos errôneos propagados em nossa sociedade. Claro que você não pode ir a qualquer centro de candomblé, pois, infelizmente existem pessoas que se dizem ligadas as tradições africanas, quando na verdade, são indivíduos que desvirtuam os ensinamentos culturais trazidos no sangue dos negros que aqui chegaram.

Vá a um local de renome e que tenha uma tradição. Conheça o que é o candomblé; o que ele pretende; quais são os seus ensinamentos; suas músicas, ritos e danças. Tenho certeza que, se você não mudar de opinião, pelo menos saíra de lá com uma visão menos discriminatória dessa religião que, como outras que formaram o Brasil, só pregam o bem, o amor e a paz entre Deus, o homem e a natureza.

SE VOCÊ AINDA TEM DÚVIDAS SOBRE O CANDOMBLÉ, OS VÍDEOS ABAIXAM ESCLARECEM ISSO PARA VOCÊ. APROVEITE!






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