Homofobia: A Intolerância que Mata





vídeo acima narra relatos de violência contra homossexuais no inicio da década de 90. Esse vídeo contém o depoimento frio de um assassino calculista que, no período em que a reportagem foi gravada, estava preso por ter matado mais de 10 homossexuais. Entre as suas vitimas estavam médicos, jornalistas, artistas famosos da época, empresários e etc. Ele conta que no começo fazia programas para conseguir algum dinheiro extra, mas isso foi mudando quando ele percebeu que roubando e matando suas vitimas (latrocínio) ele lucraria bem mais.

A reportagem também chama atenção para uma realidade de violência exacerbada que circundava a vida de vários homossexuais que vivam na obscuridade, impossibilitados de expressar seus desejos, vivendo em pequenos grupos e se encontrando as escondidas para não serem mortos. Confesso que nada me chamou atenção nessa matéria. Entretanto, ao fazer um paradoxo entre outrora e a atualidade eu me fiz um questionamento: O que mudou na vida dos homossexuais daquela época para os de hoje? Para a minha grande tristeza a resposta não foi tão animadora.

Lamentavelmente vivemos numa sociedade pseudolibertária que busca a todo o momento se igualar aos modelos dos países desenvolvidos, sobretudo quando a intenção é solucionar temas de ordem polêmica, dentre eles, as diversas esferas que sustentam o preconceito contra as minorias (mulheres, negros e homossexuais). Este último já deixou de ser minoria há muito tempo, já que o número de gays assumidos no Brasil triplicou em apenas cinquenta anos. Chamar de minoria uma massa como essa é tentar esteriotipar pejorativamente um grupo que vem se consolidando em vários núcleos da nossa sociedade.

Esse crescimento exacerbado da cultura LGBTT (Lésbicas Gays Bissexuais Travestis e Transgêneros) também trouxe sérios danos para a emancipação do discurso da diversidade no país. Isto porque, historicamente, sabemos que o Brasil está estruturado em alicerces que dificultam a escalada dos homossexuais a algumas esferas sócias, sobretudo aquela que ainda é considerada como o principal obstáculo a ser ultrapassado: A FAMÍLIA. Esta que ainda é vista como algo inabalável, impedindo que um novo modelo de família seja implementado. (Mesmo assim, acredito que isso já está mudando paulatinamente)

Outro ponto importante diz respeito à violência sofrida por muitos gays no Brasil. O vídeo mostrado a pouco relata, como fora mencionado, uma realidade que na minha concepção não mudou muito. Ainda hoje vários homossexuais são mortos de forma brutal em vários estados. Muitos dos acusados não são nem procurados, pois a própria policia muitas vezes é conivente com assassino, deixando de colocar mais um marginal atrás das grades em razão de atitudes conservadoras.

Com isso, o que encontramos de semelhante entre o passado e o presente se resume em uma única palavra: HOMOFOBIA. Esta que já virou moda nos discursos politicas que tentam a todo o instante encontrar maneiras de reverter a cruel realidade da comunidade gay no país. Infelizmente, palavras não vão trazer de volta a vida de milhões de cidadãos que morreram por assumir as suas preferências sexuais diante da sociedade. Essas mesmas palavras deveriam sim estruturar um discurso consciente que solucionasse os problemas enfrentados pelos gaysindependente da condição social do individuo que assumir a sua sexualidade.

O que falta na sociedade é a conscientização dos direitos inalienavéis que cada individuo possui desde a hora do seu nascimento. Direito este que é simplesmente esquecido no vale da ignorância e do desrespeito quando o individuo se intitula homossexual. Mas, finalmente, o que diferencia os gays do restante da sociedade? A resposta é simples: NADA. Todas as pessoas têm qualidades e defeitos que estão além da orientação sexual que escolheram. O que acontece contra a comunidade LGBTT é o reflexo de uma nação dividida entre conceitos medievais de moral e bons-costumes e a imposição religiosa de diversas entidades que usam a palavra de Deus como arma de argumentação contra os homossexuais.

O resultado de tudo isso é o crescente índice de rejeição social e violência contra os gays. Mesmo com todos os benefícios alcançados, ainda há muito por fazer, sobretudo com relação ao crescente número de assassinatos ocorridos nos últimos anos. Confesso que não imaginava que morriam tantos gays no Brasil, mas após ler uma matéria no site mundomais fiquei completamente atordoado. Na reportagem mostra como vem crescendo os casos de crimes contra a comunidade gay e porquê nada é feito para prender os assassinos que cometem esse tipo de crime.

Na matéria não fica muito claro, porém a minha inferência me diz que a principal causa ainda é o preconceito, ou seja, a homofobia, o descaso e a discriminação impedem que as investigações com relação a crimes contra LGBTT caminhem. O que é desanimador, pois todo o cidadão tem o direito de ver o assassino de um ente querido seu na cadeia, entretanto quando esse parente é homossexual abre-se um precipício impedindo que os trâmites legais sejam cumpridos.

Essa realidade se agrava sobretudo no nordeste do Brasil onde o número de homossexuais agredidos e mortos cresce assustadoramente. O GGB (Grupo Gay da Bahia) fez um levantamento do número de casos envolvendo gay no país. A matéria traz índices preocupantes:






SALVADOR – De acordo com o Relatório da Homofobia, divulgado anualmente pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), o Brasil teve 198 homossexuais assassinados em 2009. Este número é superior ao ano de 2008, quando 189 LGBT foram mortos. Em 2007, foram 122 mortes por crimes homofóbicos.

O aumento de mortes a cada ano coloca o Brasil como o país mais homofóbico do mundo, segundo o GGB. Dos 198 assassinatos, os gays foram as maiores vítimas. 117 gays (59%), 72 travestis (37%) e 9 lésbicas(4%) foram mortos no ano passado.

O presidente do GGB Luiz Mott afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria ter uma postura mais ativa quanto às quentões da homofobia no Brasil, com mais ação e menos “blá blá blá”.

“Apesar do programa ‘Brasil sem Homofobia’, nosso país continua sendo o campeão mundial de homicídios contra LGBT, com 198 mortes, seguido do México com 35 e dos Estados Unidos com 25 mortes anuais. A cada dois dias um homossexual é assassinado no Brasil, vítima da homofobia”, diz Mott.

Os estados mais violentos – A violência nos estados em 2009 foram quase equiparados no ranking da homofobia no Brasil. Os estados da Bahia e do Paraná empataram em primeiro lugar com 25 mortes cada um.

Na segunda colocação, empataram com 14 mortes os estados de São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco. Em terceiro, aparece o estado de Alagoas com 11 mortes, seguido de Goiás com 9 mortes e os estados do Mato Grosso, Rio de Janeiro e Paraíba com 8 mortes.

“Estes números são apenas a ponta de um iceberg de sangue e ódio, pois não havendo estatísticas governamentais sobre crimes de ódio, nos baseamos em notícias de jornal e internet, uma amostra assumidamente subnotificada”, comenta Mott.

Características de ódio – O relatório do GGB destaca algumas características do crime de ódio nos assassinatos homofóbicos, que incluem muitos golpes, múltiplos instrumentos e tortura. Cinco das vitimas foram degoladas e dez delas tiveram seus corpos queimados.

Como exemplo, o GGB destaca o assassinado da travesti Karina Alves, 26, que foi morta com 13 tiros em Belo Horizonte, enquanto o idoso gayJonas Terêncio de Souza, mecânico de Tocantins, levou mais de 60 golpes de faca; outro gayWalmir Silveira Ponciano, 38, cartomante, morreu em CorumbáMS, com 37 facadas.

Assassinos sem nome – O relatório destaca ainda que 80% das ocorrências policiais têm “autor desconhecido” dos crimes. Segundo o GGB, ou por terem sido praticados altas horas da noite, em locais ermos, ou pela omissão das testemunhas que, devido ao preconceito anti-homossexual, não querem se envolver com vítimas tão desprezíveis.

Outro dado alarmante é a jovialidade dos assassinos de homossexuais. Mais da metade dos homicidas tinham menos de 21 anos. O mais jovem tinna apenas com 13 anos. Varios destes jovens agem em grupo.
"É uma falha principalmente da escola. Essa juventude se torna agressiva pela falta de uma educação sem homofobia, que incorpore o respeito aos direitos dos homossexuais em sua metodologia de ensino," diz Deco Ribeiro, do Grupo E-jovem de Adolescentes Gays, Lésbicas e Aliados de Campinas, SP.

Dos 20% dos criminosos identificados, menos de 10% chegam a ser detidos e julgados. Mesmo os julgados, alegando legítima defesa da honra, são beneficiados com penas leves ou injustamente absolvidos.

Como nos anos anteriores, entre os assassinos de LGBT em 2009 predominaram os garotos de programa e clientes de travestis. Agora em 2010, o GGB já contabiliza 34 assassinatos de LGBT.






A homofobia nesse sentido é a palavra do momento. Mas o que é ser homofóbico? Vários são os conceitos que poderiam ser dados para classificar a etmologia da palavra, entretanto, acredito que a homofobia vai além da simples aversão ao homossexual, como geralmente encontramos nas descrições dos dicionários. Para mim é a desvalorização do direito que cada pessoa tem de expressar seus sentimentos e preferências; é a falta de tolerância pelo direito do outro em querer assumir um posicionamento que difere da maioria; é a inexistência de amor ao próximo e aos valores que cada ser humano possui independente da opção sexual; é a mais pura demonstração de hipocrisia que tenta justificar a amoralidade de alguns como justificativa para praticar atos de crueldade.

ausência de tudo isso resulta num só produto: a violência. Violência que quase levou o casal do Malauí a prisão perpetua, por expressar a sua orientação sexual em lugar público. Salvos graças aos países Europeus e a ONU que intercederam pelo casal, levando a corte do Malaui (país que considera a homossexualidade como ato indecente e atentado violento ao pudor, tendo como pena a prisão perpétua ou morte) a reavaliar sua posição diante da condenação dos acusados. Felizmente esse caso foi resolvido, mas enquanto isso milhões de homossexuais são mortos silenciosamente em todo o mundo.

Os casos mostrados acima pelo site mundomais mostram que, apesar do Brasil estar entre os países de maior representatividade em relação à temática LGBTT, ainda há um longo caminho a ser trilhado. Muitas vezes eu acho que essa “liberdade” que o nosso país demonstra acaba mascarando o preconceito que insiste em não desaparecer. Quando eu falo de preconceito eu digo que a nossa sociedade, por mais avançada que seja, ainda não está preparada para aceitar a homossexualidade, no sentido lato da palavra. Talvez a longo prazo isso mude, mas para que isso aconteça é preciso de forças conjuntas entre a comunidade LGBTT e os nossos representantes no governo, afinal de contas os gay também são cidadãos como quaisquer outros.












O primeiro passo já foi dado a favor dos homossexuais. Isto porque a luta pela aprovação do PL/122, ou simplesmente a lei da Homofobia, como é conhecida, começou com força total. Essa nova lei prevê alguns direitos aos homossexuais como programa de saúde para a comunidade gayprojetos educacionais que levam a temática LGBTT para dentro das escolas, planos contra a violência a homossexuais, aprovação da união homoafetiva e etc. O primeiro movimento a favor da aprovação aconteceu em Brasilia com uma grande marcha que levou centenas de pessoas ao planalto no intuito de reivindicar a aprovação da lei.

O planalto sentiu a força LGBTT e possivelmente aprovará a lei que mudará para sempre a historia do nosso país. Resta saber se com a aprovação da lei algo de benéfico realmente acontecerá para a comunidade gay, pois receio que, como diversas outras leis extremistas, essa seja também descomprida ou jogada na vala do esquecimento (Tema que será discutido no próximo texto). Mas, sejamos otimistas, pois muita coisa melhorou. Mesmo com a constante perseguição da Igreja Católica e seus conceitos ortodoxos; mesmo com os ataques das igrejas protestantes que insistem em queimar os gays no fogo do inferno (AFF!); mesmo com a falta de politicas voltadas a temática gay; mesmo assim, a aceitação do gay hoje é maior do que há muito anos.

Chegará o momento em que a sociedade tratará o seu semelhante realamente com igualdade, independente da preferência sexual que este escolher? Talvez nem eu e nem você que está lendo o meu Blog terão essa resposta. Em contrapartida, ouso fazer uma projeção positiva, porque acredito que, por mais intolerantes e manipuláveis sejam as pessoas que regem a nossa sociedade, um dia ser gay não será algo abominavel. Mas enquanto isso não aconteça eu convido você a lutar contra a intolerância e o desamor propagado pelos que acreditam ser os donos da moralidade. Não estou aqui fazendo apologia a uma vida de esbórnia e promiscuidade. Nem tampouco estou pedindo para que você leitor mude as suas concepções sobre a sexualidade de qualquer pessoa. Peço apenas algo que todo o ser humano merece: RESPEITO e o direito de escolher o caminho pelo qual ele quer seguir.

Se cada pessoa fizer a sua parte, possivelmente, a curto prazo, eliminaremos o preconceito, não só contra os gays, mas também contra a mulher, contra os negros e contra qualquer outra forma errônea de pensamento valorativo que julga e condena as pessoas pelo que consideram como errado ou fora dos padrôes.



ACHO QUE ESSE SIMBOLO FALA POR SI SÓ:

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