Considerada como a droga mais vendida do mundo, o grupo das bebidas alcóolicas são hoje sinônimos de problemas sociais e, sobretudo de saúde pública. Geralmente consumidas sem moderação, elas são responsáveis pelo crescimento da mortalidade em diversos âmbitos: dentro de casa, com a fermentação da violência entre seus membros; no surgimento de doenças decorrentes do consumo excessivo de bebidas, como cirroses, canceres, úlceras e problemas gastrointestinais; e, principalmente no trânsito, este considerado como o principal vilão entre aqueles condutores imprudentes que resolvem dirigir com altos teores de álcool no sangue. No entanto, no Brasil, tal cenário de destruição levanta certos questionamentos sobre quem seria o culpado pelo crescimento do consumo de álcool de forma deliberada entre pessoas de faixas etárias diversas. Ou seja, a culpa não reside apenas numa figura especifica, mas sim em várias entidades que direta ou indiretamente, contribuem para esse perigoso fenômeno social.
O consumo cada vez maior de bebidas alcoólicas retrata uma dura realidade vivenciada pela sociedade por aqui: o brasileiro está bebendo mais e muito mais cedo do que o permitido. Isto tem acontecido por diversas razões, porém, a permissividade familiar e a imposição social podem ser pontuadas como as principais delas. A primeira ocorre geralmente com a exposição das figuras paternas ainda no ambiente do lar. Jovens, então, apoiam-se no modelo de comportamento dos pais para iniciar precocemente uma vida entre as bebidas. E, a segunda, é o apelo controverso da mídia em expor corpos esculturais de homens e mulheres consumindo cervejas, vodcas, vinhos e energéticos como uma forma impositiva de inclusão, um padrão falso de felicidade que tem atraído muitas pessoas para um caminho, muitas vezes sem volta.
Tal realidade tem contribuído para a destruição de lares de diversas pessoas em situações socioeconômicas também variadas. Isto porque, o consumo exagerado de bebidas é um dos maiores propagadores da violência no país. E não são necessárias estatísticas concretas para evidenciar isso. Cotidianamente crimes domésticos, nos quais homens agridem e matam suas esposas e filhos, tornam-se comuns. Além disso, outro bom exemplo está nas estradas, uma vez que o trânsito brasileiro luta para diminuir os índices de imprudência que resultam em inúmeras mortes por aqui. São tantos acidentes motivados por motoristas embriagados que foi preciso à criação de uma lei para coibir os excessos de motoristas irresponsáveis, a tão temida “Lei Seca”.
O governo também tem a sua parcela de culpa nesse quadro, uma vez que falta uma postura mais enérgica por parte dele no que se refere à coerção midiática, sobretudo em comerciais e novelas, onde pessoas farram, embriagam-se, com tanta naturalidade e em horários diversos, expondo um padrão de vida nocivo e alienatório, sobretudo para os jovens que estão em processo de maturação. Os representantes do povo não podem se limitar a Lei Seca, como única fórmula de proibição, mas sim criar uma ampla conscientização, sobretudo entre os adolescentes, para semear entre eles a importância de não se envolver tão precocemente entre as bebidas alcóolicas.
O tempo em que o consumo social de um “drink” numa mesa de bar, após um longo dia de trabalho, já não existe mais. Hoje, as pessoas não se contentam apenas com alguns goles, mas sim com litros e litros de garrafas das mais variadas possíveis. Essa ingestão exacerbada tem contribuído para a proliferação de grandes problemas sociais, como a iniciação cada vez mais precoce de jovens a essas drogas lícitas, o aumento da violência doméstica e o crescimento da mortalidade no trânsito. Tal realidade é fruto da problemática do alcoolismo, a qual não é de responsabilidade particular, mas sim da coletividade social. Desde o lar, onde os adultos servem de referência negativa para as futuras gerações; do governo, em não criar campanhas educativas mais eficazes entre os brasileiros; até a sociedade que por sua vez constroi uma aura pseudobenefíca em torno do consumo de bebidas alcóolicas. Todos são culpados, mas todos podem se unir para reverter essa realidade e tirar a população da embriaguez que estão.
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