A sexualidade sempre foi identificada por estereótipos arraigadamente preestabelecidos por contextos sociais, dos quais o ser humano estava inserido. Nessa relação impositiva as questões relacionadas ao gênero masculino e feminino sempre estiveram delimitados em cânones indivisíveis que iam muito além da fisiologia genital. Na modernidade, por exemplo, discutir a problemática da sexualidade, em toda a sua amplitude, ainda causa estranheza, intolerância e, sobretudo violência. Esta afirmativa toma grandes proporções quando o tema focalizado gira em torno da homossexualidade, uma vez que há um enorme desconhecimento sobre a sua existência, a qual tem atravessado gerações, mudando o comportamento das sociedades, principalmente aquelas marcadas pela cultura patriarcal, como a brasileira.
A homossexualidade não é um fenômeno novo, mas nunca foi tão discutido como nos últimos anos. Isto porque, há na atualidade uma busca constante pela humanização dos direitos dos homossexuais em várias esferas. No entanto, mesmo transpondo barreiras até então intransponíveis como as uniões homoafetivas e o direito ao casamento civil, ainda perdura o preconceito, muitas vezes velado, contra esse grupo. Isso tem acontecido porque falta uma educação que ensine, direcione e oriente a sociedade para um caminho onde a discriminação não se faça presente.
Num primeiro momento, este lugar deveria ser o lar, o pilar básico da formação humana, pois é neste lócus onde as figuras paternas deveriam educar sua prole com excelência, hombridade e imparcialidade, preparando os infantes para uma sociedade plural também em termos de sexualidade. Contudo, infelizmente muitos pais são vítimas do discurso limitado do qual diz que existe apenas uma bifurcação sexual, ou seja, homens e mulheres, e tudo o que vai de encontro a isso é errado, ou está confrontando as leis da natureza física ou Religiosa.
Então, coube a escola, espaço do qual os jovens passam a maior parte do tempo, a responsabilidade de desconstruir os preconceitos trazidos dos diversos segmentos sociais, com relação à homossexualidade. Naturalmente, essa tarefa não tem sido exercida com total primazia, já que muitos educadores não estão preparados para atender a pluralidade de comportamentos que afloram na esfera sexual. Além disso, falta uma política educacional que contemple uma educação que vá além das questões meramente fisiológicas, adentrando no campo vertiginoso da identidade de gênero, a qual tem se manifestado de inúmeras formas, mas vem sofrendo com a incompreensão de pais e educadores.
Prova disso é o surgimento do estrangeirismo mais propagado na atualidade, servindo de preocupação para pais e profissionais da educação em geral, o “Bullying”, termo que caracteriza o comportamento agressivo de crianças e jovens na escola. Nele, atos violentos contra o que é “diferente” se tornaram frequentes, de modo que as crianças e jovens com estereótipos não normativizados passaram a serem alvos fácies da brutalidade juvenil. Ou seja, negros, godos, magros, feios, e, sobretudo aqueles que manifestem tendências homossexuais serão automaticamente violentados e segregados.
Daí, buscando alternativas para conter tal fenômeno, todos os envolvidos na educação desses jovens tentam enxergar a homossexualidade com maior criticidade, na tarefa de difundir o respeito às diferenças, instância esta que é elementar dos direitos humanos. Na realidade, há por aqui um obscurantismo quanto a essa temática que se inicia dentro de casa, entra na atmosfera escolar e neste espaço, ao invés de ser contido para depois ser banido, acaba sendo ampliado para fora dos seus muros, disseminando os preconceitos já institucionalizados.
Identificar perspectivas que trabalhem o respeito da sexualidade em todos os âmbitos, principalmente o da homossexualidade é, portanto, uma das metas da sociedade, ou pelo menos deveria. Ligado a isso está a busca pela igualdade de direitos, tão disseminada pelos políticos, mas pouco retratada na prática quando o assunto é nivelar os gays com a predominância heterossexual. Se falta uma maior compreensão desse tema em casa ou na escola é porque não há uma educação que privilegia, de fato, uma metodologia voltada a descontruir os preconceitos existentes. Logo, não basta proferir frases do tipo “somos todos iguais” se na realidade algumas pessoas em pleno século vinte um sofrem por serem “diferentes”. Educar parece ser o único caminho capaz de reverter tamanha selvageria mental daqueles que insistem em discriminar a sexualidade alheia. Então, independente de ser hétero ou não, cada cidadão merece ter seus direitos cumpridos e sua integridade, física e moral, preservada.
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